Furacão Ian: mais de 40 pessoas morreram nos Estados Unidos

Furacão Ian: mais de 40 pessoas morreram nos Estados Unidos
Região da Flórida ficou destruída após a passagem do furacão JOE RAEDLE / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / GETTY IMAGES VIA AFP - 29.09.2022

Tempestade chegou à Carolina do Sul nesta sexta-feira (30); presidente Biden diz que reconstrução pode levar anos 

Após causar destruição na Flórida, o furacão Ian perdeu força e chegou ao estado da Carolina do Sul como um ciclone. Mais de 40 pessoas morreram, mas esse número pode aumentar nas próximas horas.

A tempestade atingiu as proximidades da cidade de Georgetown com rajadas de até 140 km/h. O presidente Joe Biden disse que o furacão Ian “provavelmente vai ficar entre as piores tempestades do país” e que deve levar anos para a reconstrução das regiões atingidas.

Segundo o Centro Nacional de Furacões, a previsão é que o Ian enfraqueça à medida que segue para o interior do país.

As chuvas e os ventos começaram antes de sua chegada à cidade histórica de Charleston, e nas redes sociais circulavam vídeos da cidade de Myrtle Beach inundada. “Esta é uma tempestade perigosa, que trará fortes ventos e muita água, mas o mais perigoso será o erro humano. Seja inteligente, tome boas decisões, monitore seus entes queridos e mantenha-se a salvo”, tuitou o governador da Carolina do Sul, Henry McMaster.

Na Flórida, o dano material foi “histórico” neste estado do sudeste americano, com inundações sem precedentes, segundo o governador Ron DeSantis. Ian deixou ruas e casas alagadas e barcos que estavam atracados nos portos esportivos ficaram espalhados pelo chão.

Nesta sexta, em Kissimmee, não muito longe de Orlando, as autoridades cruzaram as áreas inundadas em barcos para resgatar os moradores presos em suas casas.

Na Flórida “acabamos de começar a ver o alcance da destruição”, disse o presidente Biden em um discurso. “É provável que esteja entre as piores (…) da história do país”.

Até a manhã desta sexta, cerca de 1,9 milhão de pessoas permaneciam sem eletricidade no estado, segundo o governador da Flórida.

Mesmo assim, em meio a árvores derrubadas e fachadas destruídas, um punhado de restaurantes e bares reabriram no centro de Fort Myers. Dezenas de pessoas estavam sentadas em mesas em um terraço debaixo de um sol radiante.

“Foi horrível, mas sobrevivemos. O teto da nossa casa voou, uma grande árvore caiu sobre nossos carros, nosso jardim inundou, mas fora isso, está tudo bem”, disse Dylan Gamber, de 23 anos, agradecendo à solidariedade reinante entre os vizinhos.

Segundo estimativas iniciais, a passagem do furacão Ian poderia custar às seguradoras até 47 bilhões de dólares e afetará negativamente o crescimento dos Estados Unidos, devido sobretudo aos cortes de energia, cancelamentos de voos e danos à produção agrícola.

Biden disse que pretende visitar a Flórida o quanto antes, mas também o território americano de Porto Rico, devastado recentemente pelo furacão Fiona.

Ao mesmo tempo, prosseguiam as buscas por 17 pessoas desaparecidas após o naufrágio, na quarta-feira, de uma embarcação de migrantes perto do arquipélago dos Keys, no extremo sul da Flórida.

Das 27 pessoas a bordo, uma foi encontrada morta e outras nove foram resgatadas, informou a Guarda Costeira. Entre elas estavam quatro cubanos que nadaram até a margem dos Keys.

Antes de devastar a Flórida, na terça-feira Ian varreu Cuba, onde deixou ao menos três mortos e provocou um apagão generalizado.

A lenta recuperação do serviço elétrico em Cuba, onde a capacidade de geração de energia ainda era insuficiente para atender à demanda, mantinha a tensão social em Havana nesta sexta, após protestos noturnos em vários pontos da capital.

A mudança climática causada pelas atividades humanas está provocando eventos meteorológicos mais severos em todo o mundo, segundo os especialistas.

De acordo com uma análise preliminar de cientistas americanos, divulgada nesta sexta, o aquecimento global acrescentou 10% mais chuvas ao furacão Ian.

“A mudança climática não causou o furacão, mas o tornou mais úmido”, disse Michael Wehner, do Laboratório Nacional Lawrence Berkeley, subordinado ao Departamento de Energia dos Estados Unidos, um dos cientistas que participaram deste estudo.