Director da OMS espera que emergências globais por Covid e mpox acabem no próximo ano

Emergência internacional dos dois casos será reavaliada em janeiro de 2023 DENIS BALIBOUSE/REUTERS - 14.12.2022

Para Tedros, queda no número de casos das duas doenças traz ‘motivos de esperança’; decretos serão revistos em janeiro de 2023

As emergências internacionais declaradas pela OMS (Organização Mundial de Saúde) em 2020 para a Covid-19 e em 2022 para a mpox (novo nome da varíola do macaco) “podem em breve deixar de ser uma emergência global prioritária” disse o diretor-geral da organização, Tedros Adhanom Ghebreyesus.

“Um ano atrás, a variante Ômicron matava 50.000 pessoas por semana, e na semana passada havia menos de 10.000, um número que ainda é excessivo, mas marca uma boa bandeja”, disse Tedros em entrevista coletiva para revisar o trabalho da OMS em 2022.

No entanto, “o coronavírus não vai desaparecer, vai permanecer e os países tenderão a aprender a administrá-lo junto com outros problemas respiratórios, como a gripe”, disse Tedros, que também avaliou que a queda de 90% dos casos de mpox convida ao otimismo em relação ao fim próximo desta crise sanitária.

“Percorremos um longo caminho e a situação agora está significativamente melhor, por isso o mundo está se abrindo novamente, mas o vírus (causador da Covid) veio para ficar, é quase parte da nossa família e a chave é como para administrá-lo”, apontou Tedros.

“Sabemos melhor, temos ferramentas, como vacinas, tratamentos e, o mais importante, agora temos imunidade da população, tanto vacinada quanto naturalmente [pelas pessoas que passaram pela doença]”, acrescentou.

“O levantamento da emergência internacional [pela Covid] está nas nossas mãos, trata-se de garantir a proteção dos grupos de risco, como os idosos e as populações vulneráveis”, complementou o diretor.

Os critérios para decidir se a pandemia de Covid deve ser uma emergência internacional serão analisados ​​em janeiro na próxima reunião do comitê de especialistas que se reúne trimestralmente desde 2020 para analisar a evolução da crise sanitária, segundo Tedros.

O responsável máximo da OMS sublinhou que apesar de tanto a crise da Covid como a da mpox estarem diminuindo em número de casos, o mundo ainda enfrenta inúmeros desafios sanitários, e referiu neste sentido os surtos de cólera atualmente declarados em 29 países, incluindo o que matou 280 pessoas no Haiti.

“Até o ano de 2023 há motivos de esperança, mas também muito com o que se preocupar, e nesse sentido a OMS continua empenhada com os países membros na construção de um futuro mais seguro e garantido para as populações”, sublinhou.