Mais de 100 professores perderam a vida, só este ano, na província de Nampula. Outros cerca de mil encontram-se acamados devido a várias enfermidades. A situação está a fragilizar o sector da educação, que já enfrenta outros desafios estruturais.
Segundo dados partilhados pela Organização Nacional dos Professores (ONP), entre as principais causas de morte estão o HIV/SIDA, a tuberculose, a hipertensão arterial e os acidentes de viação. Estas doenças têm afectado significativamente o corpo docente, deixando muitas escolas com falta de professores e sobrecarga para os que ainda estão em serviço.
Além das perdas humanas, os docentes denunciam a falta de assistência médica condigna. Em muitos casos, mesmo apresentando guias de marcha emitidas pelas unidades de saúde, os professores não conseguem internamento por falta de camas. Apesar disso, continuam a ser sujeitos a descontos mensais nos salários referentes à assistência médica.
Outro problema levantado pelos professores diz respeito à morosidade no pagamento dos subsídios de morte aos familiares dos docentes falecidos durante o exercício das suas funções. De acordo com André Janna, Secretário Provincial da ONP em Nampula, “quando um professor perde a vida, leva-se muito tempo para que os subsídios sejam disponibilizados, o que nos obriga a contribuir para enterrar o nosso colega de forma digna”.
A ONP denuncia igualmente atrasos no desembolso de outros direitos, como subsídios de horas extraordinárias e de “turno e meio”. A associação afirma estar no limite da sua capacidade de pressão sobre o Governo, lamentando a falta de respostas concretas às preocupações do sector.
